domingo, 23 de março de 2014

PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO DO PADRÃO DE ENTRADA DE ENERGIA ELÉTRICA EM UMA RESIDÊNCIA COMUM (MODELO DA ELETROPAULO)

INVESTIGANDO O PADRÃO DE ENTRADA DE ENERGIA ELÉTRICA EM UMA RESIDÊNCIA COMUM (MODELO DA ELETROPAULO)


Resumo

Esta investigação é motivada pela relação pratico- teórico dos assuntos estudados no curso de eletricidade e circuitos elétricos (ECE), visando assim, a aplicação e contextualização dos conceitos estudados em sala de aula. Também serve como uma forma de encarar alguns desafios encontrados em diferentes escolas, pois, algumas não possuem laboratórios de física, impossibilitando assim do aluno associar a teoria com a prática, tornando o assunto abstrato e desmotivador.

DA INVESTIGAÇÃO
Em um primeiro momento deste trabalho, serão identificados somente os componentes e os caminhos que percorrem os cabos elétricos da nossa casa, desde o momento em que eles atravessam a linha que cruza nossa casa com a rua, até o momento em que eles estão prontos para entrarem "dentro" da residencia e serem distribuídos pelos diversos circuitos elétricos!
Em um segundo momento, será realizado um esquema com todas as informações contidas na parte anterior, onde possa ser possível olhar todas as informações como um todo.
Na terceira parte, estará esboçado o esquema fornecido pela Eletropaulo, onde iremos comparar com o modelo observado na fotos.
A parte final trata da investigação teórica da questão do "porque inserir uma haste de aterramento a um dos cabos de entrada de energia, o azul (neutro)".
Tentaremos ao final responder qual a causa e a finalidade desta conexão do cabo neutro com a haste terra.
A resposta é surpreendente, e revela como é feito este potencial neutro, que a Eletropaulo envia às nossas casas.

PARTE 1 (COMPONENTES E CAMINHOS DOS CABOS DE ELETRICIDADE)
A primeira investigação será observar como a energia chega a nossas residências.
Vemos na foto 1, que a energia chega através de 3 condutores (fios ou cabos), que possuem cores distintas:
2 fios são pretos;
1 fio é azul;
foto 1
Logo após, este fio segue por uma tubulação, e terá como destino a caixa onde fica o medidor de energia.  A saída dos condutores dentro da caixa de energia é registrado na foto 2, onde é possível verificar exatamente os 2 fios pretos e 1 fio azul, os mesmos da foto 1:
foto 2

Esta caixa possui dois compartimentos:
1º compartimento (superior), onde fica o medidor da Eletropaulo.
2º compartimento (inferior), onde fica o disjuntor geral (chave geral).
Na foto 3, verificamos que destes 3 condutores que chegam (2 pretos + 1 azul), dois deles (pretos) vão para o compartimento superior, onde fica o medidor, e o fio restante (azul) vai para o compartimento inferior, onde fica a chave geral. Observe:
foto 3
Na foto 3, também podemos identificar mais dois fios pretos, que estão descendo por um buraco, para o compartimento inferior (chave geral).
A foto seguinte vai nos mostrar que os fios pretos que estão subindo estão conectados ao medidor, e os fios que descem também estão conectados no medidor. Assim sendo, podemos inferir que os 2 fios pretos que chegam da rua entram no relógio, e logo após, saem do relógio, indo para o compartimento inferior onde esta a chave geral ou disjuntores. Observe que não existe cabo azul entrando no medidor, logo, o cabo azul vindo da Eletropaulo não passa pelo medidor!!!
foto 4
Então, o compartimento superior é formado por:
1 medidor de luz
2 fios de entrada (2 pretos), vindos diretamente do poste
2 fios de saída (2 pretos), indo para o compartimento inferior.
No compartimento inferior, verificamos que os dois fios pretos entram na chave geral (disjuntor), de onde saem mais dois fios pretos:
foto 5
foto 6
Antes de identificarmos para onde os fios que saem do disjuntor geral vão, vamos agora percorrer o caminho feito pelo fio azul, aquele que logo de inicio foi para o compartimento inferior (sem passar pelo medidor de luz).
Logo após ele entrar no compartimento inferior, ele é fixado a um parafuso, mantendo contato com mais dois fios (um verde, e outro azul). Observe com atenção a foto 7:
foto 7
Logo após esta conexão, é verificado que o fio azul se junta aos pretos que saíram da chave geral, e entram em uma tubulação, onde seguirão para outra caixa, localizada geralmente dentro da residência, que não iremos tratar neste trabalho.
Observe na foto seguinte a representação da frase anterior:

foto 8
O foco de nossa investigação é tentar descobrir o motivo da conexão do fio verde ao fio azul.
Podemos notar na foto 7 que o fio verde entra na caixa de luz através de uma tubulação amarela.
Esta tubulação amarela está conectada a outra caixa, que é chamada de caixa de inspeção de aterramento, localizada no chão, logo abaixo da caixa de luz. Observe na foto seguinte a localização desta caixa de inspeção, junto com a outra ponta da tubulação amarela e a presença do fio verde:

foto 9
Vemos também que o fio verde está conectado a uma peça. Esta peça é chamada de haste de aterramento, que nada mais é que uma haste de cobre (metal condutor de eletricidade), que esta fincada na terra.
Esta haste tem o comprimento de 2,40m.
Não foi possível a retirada desta haste para mostra-la, pois eu já havia a colocado a cerca de 30 dias e já estava muito presa à terra, correndo o risco de danifica-la se eu forçasse.
Porém, a próxima foto mostra a ponta dela, desconectada do cabo verde:
foto 10

PARTE 2 (AGRUPANDO OS DADOS)
Agora que já temos descritos e fotografados todos os elementos da entrada de energia na caixa de luz (caixa do medidor), podemos fazer um esquema, que represente todos estes registros em uma só montagem.
Segue o esquema que eu fiz, utilizando o Power point:
PARTE 3 (COMPARAÇÃO DE DADOS)
No site da Eletropaulo: WWW.eletropaulo.com.br, é possível obter o esquema de entrada de energia para residências, afim de orientar o eletricista na hora da montagem da caixa do medidor de energia.
Este esquema, representado a seguir, tem o intuito de tentarmos estabelecer uma conexão com tudo que foi registrado até o momento, com uma representação mais teórica.




Note, no esquema da Eletropaulo, que a representação é exatamente a mesma, porém o cabo azul ao invés de descer para a parte inferior vai para a parte superior onde está o medidor!
Porém, nota-se também que ele faz a curva e volta para a parte inferior, sendo exatamente  a mesma ligação que percebemos na observação da caixa real, observada por fotos neste trabalho.
Nota-se também neste esquema, que além do cabo verde estar conectado ao cabo azul, ele também este conectado em um ponto da caixa. Isto acontece, devido a não existir somente caixas de policarbonato, como no nosso exemplo, mas existem caixas de ferro e que são condutores de eletricidade, tendo então que estarem aterradas para oferecer segurança aos usuários da residência.
A próxima figura, também fornecida pela Eletropaulo, ilustra a posição da caixa do medidor em relação à caixa de inspeção do aterramento, onde esta localizada a haste terra.
Observe:


PARTE 4 (DISCUSSÃO DOS DADOS)
A parte investigativa deste trabalho é entender o porquê da conexão de uma haste de aterramento no cabo neutro, fornecido pela Eletropaulo.
Diante das discussões em sala de aula, ficou claro que:
Existe uma diferença de potencial entre os cabos pretos de 220v.
Existe uma diferença de potencial entre um cabo preto qualquer + azul, de 110v.
Assim, cada cabo preto, contem uma diferença de potencial de 110 volts em relação ao potencial da terra (convencionado), com uma defasagem no tempo entre eles.
Podemos dizer então, que um dos cabos pretos qualquer + cabo azul = 110 volts, em relação ao potencial da terra!
Se isto é verdade de fato, podemos excluir o cabo neutro (azul), e fazer a seguinte hipótese:
Um dos cabos pretos qualquer + cabo independente ligado à haste terra, terá 110 volts, em relação ao potencial da terra, fazendo com que um rádio, por exemplo, funcione.
A seguir, relato as imagens e a descrição do passo a passo (logo abaixo das fotos), que efetuei afim de tentar comprovar a hipótese que foi criada acima:
O primeiro passo foi desconectar os fios pretos que seguem após o disjuntor (chave geral). Assim, será possível conectar um cabo da extensão que usaremos em um dos polos do disjuntor, tendo então o primeiro fio que vai compor minha diferença de potencial com a haste de aterramento.
Vale lembrar que se esta operação for reproduzida, o disjuntor deverá estar na posição off (desligado), afim de o operador não leve um choque elétrico!
Desconexão dos cabos de saída da chave geral, para conexão da extensão de um dos fios da extensão


O próximo passo é realizado na caixa de inspeção do aterramento. Lá, iremos desconectar o cabo verde da haste terra, e conectaremos na haste a outra ponta da extensão: 
após desconectar o cabo verde da haste terra, conecta-se à haste o fio restante da extensão.

Agora, nossa tomada já esta com seus dois fios conectados (Um fio no cabo preto fornecido pela Eletropaulo, cuja diferença de potencial é 110 volts em relação à terra, e outro fio conectado somente na haste terra).
extensão conectada ao cabo preto da Eletropaulo + haste terra

A hipótese a que estamos a tentar comprovar, é que a diferença de potencial entre os polos desta extensão é 110 volts, a mesma ddp que ela estaria submetida se estivesse conectada ao cabo preto e o neutro fornecido pela Eletropaulo.
Como não tenho multímetro para verificação da ddp exata, a verificação se dará através da conexão de um rádio, que funciona em 110 volts nesta extensão.
conexão do rádio à tomada
ligando o disjuntor com o radio conectado á extensão
rádio ligado e funcionando, na extensão

Mas então, qual o motivo da Eletropaulo enviar um cabo neutro, percorrendo milhares de quilômetros até nossa residência, se cada casa poderia fazer seu próprio cabo neutro?
A resposta a esta questão está relacionada com o fato de nem todos os pontos da terra serem bons condutores de eletricidade, e assim, a diferença de potencial em cada residência seria diferente.
Vamos supor, por exemplo, que uma empresa que fabrique uma geladeira que funciona eletricamente com uma diferença de potencial de 110 volts venda duas peças, uma para uma casa localizada na região sul, e outra localizada na região norte.
É possível que estas geladeiras não funcionem de forma igual, podendo até não funcionar em alguma delas, pois o solo onde esta fincada a haste terra é diferente nos dois casos, uma com mais poder de conduzir elétrons do que a outra.
Elas terão uma diferença de potencial diferente, fazendo com que a geladeira possa ou não desfrutar da potencia que ela tem.
Eis o motivo da haste de aterramento conectada ao neutro fornecido pela Eletropaulo: Quem faz este potencial ser igual ao da terra, são os milhares de hastes terras que estão conectadas ao longo do cabo neutro que vem da Eletropaulo.
Em alguns pontos os aterramentos são mais fracos, mas em outros pontos eles são mais fortes, resultando no final em um potencial muito próximo ao da terra! Assim, todas as residências que possuem o aterramento conjunto (cabo neutro fornecido pela Eletropaulo) podem desfrutar de uma diferença de potencial comum entre todos, que é convencionado em 110 volts!



Talvez o rádio conectado a essa extensão consiga funcionar com uma diferença de potencial menor que 110 volts, que não foi o caso de uma plaina que conectei logo em seguida ao rádio, e não obtive êxito no funcionamento.
A potência da plaina é muito superior a do rádio, e talvez o motivo do não funcionamento possa ser explicado matematicamente por:
POTENCIA(P) = TENSÃO(V) X CORRENTE (A)
P = T x A   ; 
Para um equipamento cuja potencia é alta, a tensão e a corrente também tendem a ser altas.
Para um equipamento cuja potencia é baixa, como a do nosso rádio, a tensão e corrente também tendem a ser baixas.
Assim, talvez a tensão que estava presente na extensão naquele momento variasse um pouco abaixo da tensão de trabalho, fazendo com que o rádio funcionasse, mas a plaina elétrica não!
Logo adiante, quando conectei tudo do jeito que estava antes, conectei a plaina elétrica em uma das tomadas da residência (um fio preto = cabo neutro da Eletropaulo), ela funcionou perfeitamente.
Plaina conectada à extensão, sem obtenção de êxito no funcionamento.
De fato, é notório que a aproximação da teoria com a prática, principalmente no ato da investigação, faça com que o ato da aprendizagem se torne mais agradável.
Porém, sabemos que não é só isso, e que o ato de ensinar, principalmente no ensino médio, envolve a introdução de exercícios e atividades idealizadas, sem contextualização com o mundo real, mas que são exigidas em provas de vestibular e outros. Assim sendo, peço a todos que gostaram desta investigação, que pode ser verificada nas nossas residências, que contribua “aprimorando e colocando” novos elementos, para que seja possível a introdução nas salas de aula, e possamos alcançar os objetivos do ensino de física: promover a cidadania,  progredir no mundo do trabalho e prosseguir nos estudos.


Rodrigo